16 agosto 2006

O Trilho Chega ao Fim


Fotografia de Paulo Santos

Há sempre um momento em que tudo o que foi começado tem um final, um fim de linha... um último passo a ser dado no trilho. Desta vez chegou a minha hora, chegou ao fim a minha vivência em Clã.

Custou-me imenso dizer diante de todos aqueles que são peças importantes do meu crescimento, enquanto escuteiro e enquanto pessoa, que desejo partir para outra aventura fora do Clã. Custou-me deixar para trás a mistíca do Caminheiro que cada vez mais senti dentro de mim e que, ainda assim, quero preservar para sempre. Tinha vontade de continuar no Clã é certo, mas compreendi que o meu tempo chegou ao fim e que, por mais que custe, vou ter que abraçar um novo projecto, um novo ideal de serviço... que, de certeza, vai ser tão bom como até agora tem sido!

Há um trilho que agora termina, mas há um outro que agora começa e esse só depende de mim para que possa ser bom. Tenho vontade de servir, tenho vontade de trabalhar pelo ideal que tenho vivido até hoje. O Caminheiro não morre... nasce e renasce a cada momento, como imagem do ideal do Homem Novo! É essa a essência do Escuteiro e do Caminheiro... é esse o espírito que dá ânimo para continuar e que, muitas vezes, poucas pessoas conseguem entender e compreender.

Com o tempo que passei e a vivência que tive em Clã, aprendi que nunca se deve baixar os braços à luta, que nunca se deve desistir de nada e que se tem que enfrentar os escolhos que nos podem aparecer pela frente... sem medos e sem receios do que pode vir a seguir. Como Caminheiro penso que tem que haver sempre a capacidade de ceder, de aceitar as adversidades que nos são impostas e lutar contra elas... sempre unidos como um só! Há momentos em que nos podemos sentir em baixo sem vontade para dar a volta por cima, mas é nesses momentos que devemos pensar no nosso ideal e, por fim, saber tirar lições daquilo que nos colocou à prova. Há outra coisa que aprendi nesta caminhada... é necessário admitir os nossos erros, as nossas fragilidades e adquirir alguma humildade para o fazer. Nem sempre somos donos-e-senhores da razão!

Enfim, o meu trilho chegou ao fim... com muita pena minha, mas não irei baixar os braços e continuarei a dar significado e importância aquilo que fui enquanto Caminheiro. Existem sempre dois caminhos numa Vara Bifurcada e tive que escolher um deles e de certeza que não me irei arrepender!



"O meu caminho continua, o meu espírito acompanhar-me-á em tudo aquilo que faço, nunca esquecerei o ideal que quero viver, vou ter saudades deste Clã e das pessoas que são parte dele... eu vou para servir. Chegou o meu momento, a minha hora de partir!"

07 agosto 2006

Os Últimos Passos


Fotografia de João Filipe Almeida

Deixo-me envolver neste sentimento de nostalgia que me embala nesta viagem e que me faz recordar todos os anos, todos os magnificos momentos que percorri nesta caminhada que tem o último passo cada vez mais perto. O último passo difícil de dar, que a emoção domina e que, a cada momento, custa mais a dar e a ter consciência da sua necessidade.

Revivo momentos e emoções, recordo pessoas que conheci, locais que descobri e tudo o que aconteceu nesta longa caminhada.

Custa tanto dar o passo em frente, custa tanto terminar esta bela caminhada, cheia de momentos mágicos, que me ensinou a dar mais, a estar sempre pronto para servir... custa tanto deixar este caminho e iniciar uma nova caminhada... cheia de desafios, esperanças, medos, anseios e vontade de servir.

Sinto a ar da montanha percorrer-me o rosto, olho a beleza e imponência destes Picos que serão a parte e o todo da minha última etapa, do meu último passo, do meu caminho como caminheiro.

Custa muito, mas sinto-me preparado para dar o passo em frente... dando significado ao desígnio de serviço que sempre segui e quero continuar a seguir. Quero manter sempre dentro de mim acessa a alma e o espírito de Caminheiro!

"Assim no comboio... assim na vida"

Picos da Europa - 7.Agosto.2006